O encerramento do Festival OCE – 75 anos de Harmonia foi um momento histórico para a cultura de Erechim e para a música de concerto do Rio Grande do Sul. No palco do Centro Cultural 25 de Julho, a Orquestra de Concertos de Erechim, a mais antiga em atividade no Estado, emocionou o público em uma noite que uniu passado, presente e futuro em uma mesma harmonia.
Fundada em 1950, a OCE atravessou décadas de transformações culturais e sociais sem jamais interromper suas atividades. Em cada geração, manteve viva a missão de formar músicos, educar plateias e fazer da música um espaço de encontro e pertencimento em Erechim e no Alto Uruguai.
Sob a regência do maestro Bernardo Grings, o concerto de domingo encerrou três dias de intensa programação que reuniu seis orquestras do Estado, todas unidas pelo propósito de celebrar a música e o legado cultural gaúcho. O espetáculo foi marcado pela excelência técnica e pela emoção genuína de quem carrega uma história viva. A presença da soprano Raquel Fortes, convidada especial da noite, arrebatou o público com sua interpretação vibrante, enquanto o Madrigal da OCE e o Coro Preparatório entoaram duas obras de rara beleza, encerrando o concerto com o “Gloria”, de Vivaldi, em um final apoteótico.
A emoção também deu lugar à gratidão e ao reconhecimento. Foram homenageados os decanos Cezar Augusto Kreische e Rudolffo Afonso Krüger, que dedicaram suas vidas à orquestra e representam famílias que estiveram presentes desde a fundação da instituição. O maestro Bernardo Grings também recebeu homenagem especial — um gesto simbólico que reforça o elo entre gerações, já que ele iniciou sua trajetória na OCE na década de 1990 e hoje conduz a orquestra com sensibilidade e excelência.
O presidente da OCE, Abrão Jaime Safro, destacou o significado dessa data. “É uma alegria ver uma instituição chegar aos 75 anos com tanto vigor e relevância. A OCE segue cumprindo seu papel formativo e cultural, emocionando e inspirando. É um orgulho para Erechim e para o nosso Estado”.
O concerto emocionou o público e consagrou a OCE como um dos maiores símbolos culturais de Erechim. O Centro Cultural 25 de Julho esteve praticamente lotado, confirmando o vínculo afetivo que a comunidade mantém com sua orquestra.
“Ficamos profundamente emocionados ao ver o Centro Cultural repleto, com um público tão atento e participativo. Esse reconhecimento mostra que há espaço e desejo por música orquestral, e reforça a importância de seguirmos formando novos músicos e ampliando o nosso alcance. Quando olhamos para esses 75 anos, já enxergamos também os próximos 25, porque o centenário da OCE não é apenas um sonho — é um compromisso com a continuidade dessa história que pertence a toda a comunidade”, destacou o maestro e diretor artístico Bernardo Grings.
O concerto foi, ao mesmo tempo, um tributo à trajetória da Orquestra e uma projeção para o futuro — reafirmando o papel da OCE na formação de novos talentos e na valorização da música como expressão de identidade e de pertencimento.
O Festival e suas ações
O Festival OCE – 75 anos de Harmonia reuniu seis orquestras do Estado, promovendo um intercâmbio artístico que ultrapassou o palco. Durante três dias, o público pôde vivenciar a pluralidade das formações orquestrais gaúchas — da iniciação musical às grandes sinfônicas —, celebrando a força da música como elo entre gerações.
Participaram a Orquestra Sinfônica de Gramado, Orquestra Jovem de Santa Rosa, Santa Cruz Filarmonia, Orquestra Sinfônica de Estação, Orquestra de Câmara do Alto Uruguai, encerrando com o concerto deste domingo da OCE, em um fim de semana de integração, aprendizado e celebração coletiva.
Além dos concertos, o festival também se estendeu para além dos palcos. Ao longo dos últimos meses, foram realizados 30 concertos didáticos em escolas públicas de Erechim, levando música e encantamento a comunidades rurais e bairros periféricos. Essas ações de mobilização cultural aproximaram milhares de crianças e adolescentes do universo orquestral e terão continuidade com uma atividade especial junto à ADEVE – Associação de Deficientes Visuais de Erechim, reforçando o compromisso com a inclusão e a democratização do acesso à arte.
Reconhecimento e continuidade
O Festival OCE foi realizado por meio do Edital SEDAC nº 32/2024 – PNAB RS – MÚSICA, com apoio da Prefeitura de Erechim, financiamento do Pró-Cultura RS e realização do Ministério da Cultura, dentro da Política Nacional Aldir Blanc.
O concerto de 75 anos da OCE reafirma a força de uma instituição que nasceu do sonho coletivo de uma comunidade e hoje se mantém como símbolo de resistência, arte e pertencimento, mostrando que a música orquestral segue viva e necessária no coração do Rio Grande do Sul.